A Universidade de Twente removeu a opção de graduação de doutorado com distinção (cum laude) devido a "preconceito de gênero".

A partir de 2026, pesquisadores da Universidade de Twente (UT) não poderão mais obter seus doutorados "cum laude" (com honras). A distinção, destinada a pesquisas de doutorado de "qualidade científica excepcional", "desfavorece sistematicamente" candidatas a doutorado, escreveu a universidade em um comunicado em seu site na quarta-feira. Portanto, a designação será removida do regulamento de doutorado.

Pelo que sabemos, a UT é a primeira universidade holandesa a implementar essa medida. Ao contrário dos cursos de bacharelado e mestrado, em que a distinção cum laude é concedida com base nas notas do aluno, a avaliação dos doutorados é subjetiva. Essa distinção pode representar uma vantagem na candidatura a empregos e bolsas de pesquisa.

Em 2018, uma pesquisa do NRC revelou que homens em universidades holandesas têm muito mais probabilidade de receber seus doutorados com distinção (cum laude) do que mulheres. Esse "viés de gênero" foi confirmado em 2023 por uma pesquisa conduzida pelo professor de sociologia Thijs Bol, com base em dados da Universidade de Amsterdã. Candidatos a doutorado do sexo masculino tinham 1,8 vezes mais probabilidade de receber seus doutorados com distinção (cum laude) do que mulheres. Essa distribuição desigual estava presente em todas as áreas. A disparidade era maior quando a banca de doutorado era composta inteiramente por homens.

Bol defende a abolição dessa distinção. "A seleção na ciência é necessária; empregos e bolsas de pesquisa são escassos. Mas se formar com honras é um critério arbitrário com um procedimento complicado e opaco", disse ele em uma entrevista anterior a este jornal.

Nos Países Baixos, graduar-se com distinção (cum laude) pode ser vantajoso, mas internacionalmente, essa distinção tem pouca importância. Em muitos países, ela sequer existe.